Homenagem aos 90 anos de Zuila Moraes
Maria Zuíla
Saraiva e Silva nasceu nesta cidade de Juazeiro do Norte, em 24 de junho de
1921. Era a primogênita dos filhos do casal José Pereira e Silva (Zeca
Marcolino) e Otília Saraiva e Silva, de família numerosa com os irmãos: Zaíla,
Neusa, Juraci, Zeneida, Audísio, Zuleide e Luiz. Fez seus estudos, inicialmente,
numa escola particular sob a direção de Dona Adelaide Mendonça, onde foi
alfabetizada, em 1930. Ingressou no Grupo Escolar Padre Cícero, onde cursou todo
o primário da primeira à quarta série (de 1931 a 1934). Transferiu-se para a
Escola Normal Rural, ali cumprindo os dois anos complementares ao segundo grau
dos seus estudos (entre 1935 e 1936), para sequenciar com o ingresso no Curso
Normal Rural, em três anos (de 1937 a 1939). No dia 19 de novembro de
1939, Zuíla se tornou professora ruralista em cerimônia acontecida no Auditorium
da Escola Normal Rural, sendo participante de uma turma de 23 professores, em
sessão solene presidida pelo Dr. Plácido Aderaldo Castelo. Foram seus colegas de
turma, dentre outros, Elias Rodrigues Sobral, Ozir Moreira, Alzira Pereira,
Maria Rodrigues, Stela Ribeiro, Geni Machado, Idelvisse Belém e Iracema
Magalhães. Maria Zuíla e Silva Moraes, com dezenove anos incompletos, casou com
Alberto Bezerra Moraes em 21.06.1940. Entre os anos 40 e 50, Zuíla e Alberto
viveram a primeira fase da grande alegria com a família que constituíram: cinco
“Marias” (Otília, Célia, Márcia, Sílvia e Angela) e um “José” (José Carlos).
Em 1952 fundou e
passou a dirigir o Instituto Domingos Sávio. De outras iniciativas devemos
mencionar: a fundação e a direção da Escola Parque Dr. Joaquim de Figueiredo
Correia, em 1963, que era mais conhecida como Escola de Artes Industriais; a
fundação e a direção do Instituto Psico-Pedagógico Eunice Damasceno, em 1967; a
fundação e a direção da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais, APAE, em
1968, por cujo trabalho será eternamente lembrada; e também, pela direção do
Centro de Reabilitação do Cariri “Luís Moraes Correia”, em 1980. Da lembrança de
tantas ações meritórias de Zuíla Moraes, não pode deixar de ser lembrada a
existência do Clube de Mães, que funcionou anexo ao Instituto Maria Gorete,
precursor do Domingos Sávio. Ali as futuras mamães recebiam acolhimento e eram
capacitadas para habilitações domésticas de costura e bordado, voltadas para a
confecção de roupinhas de bebê, ao tempo em que eram assistidas com noções de
puericultura, especialmente sobre saúde, higiene e cuidados especiais com os
filhos.
O Instituto
Maria Gorete foi também importante como ponto de cultura dos adolescentes entre
o final dos anos 50 e início dos anos 60, quando Zuíla reunia a juventude para
oferecer-lhe espaço acolhedor de convivência, clube de leitura e jogos
educativos, na sua sede da Rua Padre Cícero.
Era como chamávamos o Clube do Sesinho, nome emprestado de um dos maiores
sucessos editoriais de revista infantil no Brasil, entre 1947 e 1960. Dona Zuíla
assinava esta revista com muitos exemplares e disponibilizava na sala de
leitura. Também fomentava a assinatura, pois era uma publicação de grande
expressão educacional, a partir de um elenco notável de personagens que formavam
uma turma muito admirada (Sesinho, Bocão, Nina, Ruivo etc). O Clube do Sesinho
se reunia três vezes por semana, entre 19 e 21 horas. A fórmula era simples e
muito atraente: proporcionava leitura por uma hora, e a seguir tínhamos direito
a escolher um dentre diversos jogos educativos.
Zuíla participou
de inúmeros eventos relacionados às instituições que criou e dirigiu,
destacando-se os congressos de APAEs, Encontro Interamericano de Proteção ao
Pré-Escolar, no Rio de Janeiro, em 1968; IV Encontro Interestadual da Federação
Nacional das APAEs do Nordeste, acontecimento este que ela sediou em Juazeiro do
Norte, em 1974. Foi domadora-fundadora do Lions Clube de Juazeiro do Norte, em
1956; e neste mesmo ano fundou o Instituto Brasil-Estados Unidos, bem como o
primeiro curso de língua inglesa na cidade de Juazeiro do Norte, em 1959. Foi
fundadora e Conselheira do Movimento Bandeirante em Juazeiro do Norte, a partir
de 1959, no mesmo ano em que fundou e dirigiu o Ginásio Menezes Pimentel,
mantido pelo Instituto Domingos Sávio, que abrigou o então primeiro curso
científico da cidade. Zuíla Moraes criou também o primeiro curso de Classes
Especiais, com denominação de Lar-Escola Helena Antipoff, anexo ao Instituto
Domingos Sávio, em 1970. Essa escola, pioneira em pedagogia moderna (educação
especial) contou com uma clinica (Clínica Leão Sampaio), para atendimentos
psicoemocionais, dispondo de médicos (pediatras, neurologistas, psiquiatras)
além de assistentes sociais, psicólogas, orientadoras educacionais
especializadas, e técnicos em educação física). Os trabalhos eram exercidos por
pessoal cujas especializações eram bem cuidadas em estabelecimentos de formação
de largo conceito em grandes centros de educação especial do país.
Toda esta vida
dedicada à sua comunidade foi o fruto primordial de um desejo incomum que nasceu
nela e que contou com o apoio imprescindível de seu marido, e dos filhos que
geraram para o mundo. Depois de cinco lindas filhas, saudáveis, de “marcolina”
beleza, veio José Carlos, acometido de Síndrome de Down. Nasceu com ele o grande
desafio de Zuíla e de sua família, a inspiração e a força, não só para superar o
desígnio, mas para gerar todos os impulsos que os levaram juntos a realizar o
que foi possível e o quase impossível na direção da promoção humana, a que tanto
se dedicaram. Hoje, aos 61 anos de idade, José Carlos – ao lado de sua mãe - é a
testemunha viva, silenciosa e admirada por esse exemplo coletivo de superação. O
grande, o imenso troféu da vida de Maria Zuíla e Silva Moraes.
Celebramos,
portanto, neste dia 24 de junho, em sua homenagem, a graça de sua existência, com a qual
esta nossa terra centenária tem ainda tanto a reconhecer e a lhe agradecer. Não
nos cabe esquecer, jamais, que ela é uma parte relevante desta nossa
felicidade.
Fonte: Portal de Juazeiro por Renato Casimiro
Fonte: Portal de Juazeiro por Renato Casimiro
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